VISÃO:

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terça-feira, 20 de maio de 2014

PROPOSTAS DE TEMAS: POLÊMICA IPEA

TEMA 05: POLÊMICA PESQUISA DO IPEA (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA E APLICADA)
65% DOS BRASILEIROS ACHAM QUE MULHER DE ROUPA CURTA MERECE SER ATACADA
Resultados assustaram até autores do estudo do IPEA; retrato da vítima de violência sexual indica ainda que mais da metade das vítimas tinha menos de 13 anos e há casos de estupro coletivo.

FONTE: ESTADÃO/BRASIL. 27 de março de 2014 | 15h 03

ERRATA:
A rigor, a publicação da errata não traz grandes consequências práticas, já que se trata de uma pesquisa de opinião. No entanto, é imprevisível que efeitos podem ter sobre a percepção nacional, dada a dimensão que o levantamento atingiu na última semana.
O erro, por exemplo, afetou a imagem do Brasil no exterior: jornais e revistas das maiores economias do planeta repercutiram a informação, que ficou tachada como símbolo do grande machismo da sociedade brasileira. 
A presidente Dilma Rousseff se manifestou no Twitter, dizendo que a “pesquisa do IPEA mostrou que a sociedade brasileira ainda tem muito o que avançar no combate à violência contra a mulher".
Já a jornalista Nana Queiroz, de Brasília, começou a campanha #naomereçoserestuprada, em que mulheres tiraram fotos, normalmente tampando os seios, com a frase titulo do movimento. Foram milhares de adesões nas redes sociais

Veja a nota do IPEA na íntegra:
"Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar e Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Entre os 3.810 entrevistados, os percentuais corretos destas duas questões são os seguintes:

LINHA DE ARGUMENTAÇÃO:
No discurso, o brasileiro tende a condenar veementemente a violência, física ou psicológica, mas ainda tem dificuldades em dissociar essa violência de um conjunto de normas socialmente aceitas. Essa dificuldade se revela sobretudo quando o tema é violência sexual. A diferença de postura de tolerância/intolerância à violência doméstica e à violência sexual, dizem os pesquisadores, reafirma a dificuldade de se estabelecer no Brasil uma agenda de direitos sexuais.
“Por maiores que tenham sido as transformações sociais nas últimas décadas, com as mulheres ocupando os espaços públicos, o ordenamento patriarcal permanece muito presente em nossa cultura e é cotidianamente reforçado na desvalorização de todas as características ligadas ao feminino, na violência doméstica, na aceitação da violência sexual”, conclui o estudo. "Causa espanto observar que 65% das pessoas que responderam à pesquisa concordam com a afirmação, nem um pouco sutil, de que 'mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas.'"
Segundo os pesquisadores, a culpabilização da mulher pela violência sexual fica evidente quando, por exemplo, 58% dos entrevistados dizem concordar "totalmente" com a afirmação de que ela só é vítima de agressão sexual por não se comportar de maneira adequada. “Por trás da afirmação está a noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então, as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, e não os estupradores. A violência parece surgir como uma correção: ela merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar. O acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se comportar e se vestir ‘adequadamente’”.

CONCLUSÃO:
Toda mulher quer se casar. Esse retrato não surge do nada. Tem como base a aceitação de um modelo que coloca o homem “referência” em todos os espaços sociais. Nesse modelo, são os homens que detêm o poder público e o mando sobre o espaço doméstico - e sobre os corpos e vontades das mulheres.
Essa ideia fica evidente, por exemplo, quando 64% dos entrevistados dizem que “os homens devem ser a cabeça do lar” ou quando 79% afirmam que “toda mulher sonha em casar”.
Parecem frases inofensivas, mas não são. Por trás das afirmações, apontam os pesquisadores, está a ideia de que a mulher somente pode encontrar a plenitude em uma relação estável com um homem – ou que deve ser recatada sem almejar uma vida de solteira com muitos parceiros. Essa ideia, segundo o estudo, tem influência marcante da religião: católicos têm chances 1,5 vez maior de concordar com a afirmação de que toda mulher sonha em casar, e os evangélicos, 1,8. O índice cai, no entanto, entre grupos mais escolarizados. “Aqueles que consideram o homem como 'cabeça do lar' têm propensão maior a achar que a mulher é responsável pela violência sexual”, escrevem os autores.
Há uma tendência, no entanto, de discordar da ideia de que a mulher deve satisfazer as vontades do marido – o índice dos que refutam essa ideia (65%) é maior do que o de quem a aceita total ou parcialmente (41%). “Essa afirmação coloca subliminarmente a delicada questão do estupro no âmbito do casamento, um tabu resultante do confronto entre os comportamentos e desejos sexuais femininos e masculinos.”
A conclusão dos pesquisadores é que, de maneira geral, há hoje uma dificuldade em admitir posturas mais toleráveis à violência de gênero. "Resta saber se as práticas também seguem esse movimento, e os indícios parecem apontar que não."
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